sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DIÁRIO DE GREVE: SEXTA-FEIRA 13

O dia de hoje começou tenso. Seja pelo receio da ilegalidade, seja sobre a reunião com representantes do governo, seja pela ansiedade no Comando de Greve ou seja pela expectativa da nossa assembléia. Por tudo isso ou não, vou creditar a tensão ao fato de hoje ser apenas sexta-feira. A última sexta que o diga. Fico até sem palavras. Melhor, mais do que cem palavras.

Zonal extraordinária. Encontro de colegas, professores, conhecidos e desconhecidos. Zonal unificada. Unificada, mas ainda assim dividida. O objetivo era o mesmo. A defesa de uma categoria. A manutenção de um direito. O plano de cargos e carreiras. A aplicação de uma Lei. A Lei do Piso. O cumprimento de um acórdão. A redução de 1/3 da carga horária.

De repente uma Torre de Babel invertida se fez surgir. Mestre se transformaram. Modificaram. Alguns tornaram-se surdos as palavras alheias. As palavras de ordem. Perdiam-se ao vento. Em meio a desordem. O caos se promoveu. Por fim, todos tornaram-se surdos. Razão deu lugar a Emoção. O caos parecia imperar. Como no olho de um furação, tudo parou. AS palavras novamente foram entendidas. Mas o mal já estava feito. Ou excesso de bem? Seria tudo isso um prenuncio da assembléia extraordinária? Ela seria extraordinária ou apenas ordinária? Seria aquilo uma prévia de como estariam os ânimos na assembléia? Algumas horas mais tarde, eu descobriria.

Realmente descobri. Motivos de força maior me privaram de estar presente. O corpo estava ausente. O espírito se fez presente. Alguns telefonemas depois. Blogs. Notícias na TV. Internet. Testemunhos. Principalmente um encontro incidental. Fortuito. Totalmente eventual. Casual. Acidental. Como disse agora há pouco, não participei da assembléia. Mas fui ao Ginásio Aécio de Borba. Ao chegar, encontrei e falei pessoalmente com o presidente do sindicato APEOC e parte da equipe que compõe sua direção. Consegui coletar algumas informações. Mínimas, mas necessárias e fundamentais para agregar valor aos devaneios de deste aprendiz de escritor.

Informes sobre a audiência com a representação do governo. A ata. As deliberações do Comando. A posição das zonais e regionais. Intervenções e intervenções. Divulgação ou difamação? A liberdade de imprensa questionada. Direito fundamental questionado. Tumulto. Imprensa marrom, justifica? Tumulto. E as deliberações da zonal? Esquecidas. Interferências. Divisão de grupos. Sustentar ou suspender a greve. O dilema de muitos jogado aos sete ventos. Interferências. Três para defender o fim. Três para sustentar a continuidade. O embate chega ao fim. Sem empate. Desgaste. A greve continua. Mas e suas feridas? Se curam ou infeccionam? Vitória. Comemorar a vitória. Derrota. Lamentar a derrota. Quem venceu?


"Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz"
Tocando Em Frente
(Almir Sater e Renato Teixeira)






A Greve dos Professores do Estado do Ceará continua. A luta é justa. Não pode e nem deve ser maculada. Nosso objetivo é um só. Nosso direito respeitado. Respeitemos uns aos outros. Respeitemos a nós mesmos. Comemorem, os que tem do que comemorar. Lamentem, os que tem do que lamentar. Mas não se esqueçam. Até agora foram batalhas. A guerra ainda não foi vencida. Ainda. Mas será. Eu acredito. Você não pode deixar de acreditar. Lute a boa luta. Orgulhe-se. Sem soberba, só o bom orgulho. Anime-se. Ainda bem que esta sexta foi dia 02, imaginem se fosse 13?




Prof. Joaquim Veridiano
Por que esperar pelos outros, quando você mesmo pode fazer?

Um comentário:

  1. Paulista,

    Justamente por que senti é que postei no blog. O sindicato quer a suspensão da greve. Os motivos reais, só posso imaginar. Nós estamos certos em defender nosso direito. Mas na sexta-feira mesmo, falei com o Anízio e uns dois diretores da APEOC, dos quais não me recordo o nome, e pude perceber claramente que eles querem suspender a greve e querem que acreditemos que tivemos "grandes conquistas" com aquelas reuniões e suas atas, sem poder jurídico algum.

    Quanto a questão do judiciário, eles alegaram que iriam entrar com o recurso, mas que este poderia levar meses ou anos para ser atendido. Palavras de um dos diretores. Mas é como digo. A causa é justa. Que lutemos a boa luta. Pois quando a greve acabar, cada um pode ficar com a consciência tranquila de pelo menos ter tentado.

    Desde já grato pela contribuição. Continue assim. Participe sempre. A minha idéia é disseminar e trocar idéias para que o movimento se fortaleça.

    Cordialmente,

    Prof. Joaquim

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