sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DIÁRIO DE GREVE: 62 DIAS DE GREVE = RESIGNAÇÃO? NÃO, AÇÃO!

Digam o que disserem, mas a verdade é só uma. Batalhas e batalhas foram travadas. Sangue, suor e lágrimas foram derramados. No começo da noite de hoje, foi decidido em assembléia geral da categoria pela suspensão da greve, suspensão com mobilização. Ou não foi? Sangue, suor e lágrimas foram derramados. Um preço muito caro foi pago. A categoria merecia no mínimo, no mínimo mesmo, uma votação justa, clara. Totalmente transparente de dúvidas ou subterfúgios. Mas, não. Maquinações, ou aparentes maquinações, destemperos ou até mesmo desassossegos, nos deixaram com um final obscuro.

Valeu à pena? Não digo a decisão, mas a situação. De que adianta vencer, se parece trapaça. De que adianta perder, se parece trapaça. Enganação. A palavra de ordem e a sensação que todos, e repito, todos disseram e sentiram. Um final totalmente desnecessário, para um final por muitos esperado. E aí, valeu à pena? Um gosto amargo na boca, é como ficou a sensação da decisão da assembléia geral. Geral? Será que se a decisão fosse outra, o final seria o mesmo? A suspensão todos acatam. A continuidade, apenas os de caráter firme. Não digo que os que votaram pela suspensão são fracos, ao contrário. São fortes, e muitos, muitos mesmo, e nestes me incluo, votaram pela suspensão apenas como uma resposta aos fracos de caráter, que nos abandonariam à nossa própria sorte contra todos os desatinos do governo e assim implodiriam de vez o mais nobre e forte movimento social do qual o Ceará foi palco.

Exatamente o que você pode ter acabado de pensar, a "suspensão" não foi decidida pela suspensão, mas pela prevenção. Irmão contra irmão? Muito pelo contrário, irmão pelo irmão. Irmão para irmão. Irmão com irmão. Agora realmente teremos mobilização, pois hoje, os que votaram pela suspensão, votaram pela preservação. Não apenas sua própria, mas da própria categoria, e do próprio movimento de greve. Aqueles que antes fugiam com o "rabo entre as pernas" na última votação e que traiçoeiramente abandonaram as nossas fileiras, não foram "engrossados" com este "reforço", pois é um reforço para e pela greve e a categoria.

No dia de hoje, nosso imenso exercito foi divido estrategicamente, não apenas por nós mesmos, mas também por outrem. Cismas foram criadas, mas que estas cisões, cicatrizem e se curem, pois todos continuam sendo mais do que necessários. Todos nós devemos resgatar os dissidentes e principalmente os omissos, pois estes realmente foram nossos calcanhares de Aquiles durante todas as batalhas. Omissos de tudo, até de bom senso e respeito com o semelhante. Pois foram estes omissos, que com as primeiras coronhadas e pancadas do governo, recuaram do conforto e aconchego de seus lares e ameaçaram voltar as escolas. Mas ainda existem os voláteis, sim voláteis. Verdadeiras substâncias que poderiam servir de ótimos catalizadores e assim acelerar os rumos da greve de forma positiva, mas que infelizmente, por vezes esqueciam seus papéis nas "soluções" e acabavam gerando novos compostos. Casos e mais casos, já pensou? O que leva um "volátil" a ligar para o núcleo gestor de sua escola e conclamar o retorno dos professores em contrato temporário, apenas e apenas por que esteve queria retornar às "atividades normais? Ou pior, o que leva um "volátil" a usar o nome de colegas, professores idôneos, como laranjas para conclamar o "retorno às aulas"?

Parece mentira, não parece? A votação de hoje também. E também como a votação de hoje, infelizmente é verdade. Por esses e outros, é que muitos de nós "suspenderam", e também porque muitos de nós "continuariam". O dia de hoje, não é para terminar com lágrimas ou sorrisos. Não temos por que rir, nem pelo que chorar. 62 dias de greve deixaram uma marca profunda em todos nós. E os próximos dias, deixarão marcas mais profundas. Cismas. Dúvidas. Tudo terá que passar, e passará. 62 dias de greve não significam dias de resignação, significam dias de ação.

É nosso dever e nossa obrigação, para nós mesmos e para com todos aqueles que nos apoiam e apoiaram, fazer com que estes próximos 30 dias, sejam realmente 30 dias de mobilização. 30 dias de ação. O momento agora é de demolição. Demolição de medos e ideias. Demolição de quem eramos e de edificação de quem, hoje, somos. Nenhum de nós voltará a ser como era antes desta greve. Cada um de nós será melhor, pois hoje já somos. TODOS!

Doa a quem doer. Serão 30 dias de ação.

Minha sugestão é que comecemos com nosso primeiro zonal, de balanço e planejamento, na próxima quinta-feira, 13 de outubro, às 09:30h no EEFM Mariano Martins. Reflitam e mandem suas idéias e opiniões. Lembrem-se, aqueles que quiserem seus textos no blog e divulgados por e-mail, só precisam externar. Independente da decisão, da posição pessoal ou política, o e-mail e o blog da zonal são espaço democráticos. E esses espaços são nossos. TODOS!

Cordialmente, um grande abraço


Prof. Joaquim Veridiano
Cansado, mas não vencido.

Um comentário:

  1. Concordo com você, Joaquim: cansada, mas não vencida!! Vamos começar agora na escola!

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