DIÁRIO DE GREVE: FRENTE DE BATALHA

Foto retirada do site da APEOC

Saudações!

Antes de falar do dia de hoje, gostaria de fazer um fechamento das atividade de ontem. Como havia dito em outro post, uma comissão formada por membros da diretoria da APEOC e por professores de base foi ao encontro com representantes do governo. O resumo da ópera foi o seguinte: Uma postura totalitária do governo, totalmente intransigente a aceitação da proposta da aplicação da Lei do Piso no atual plano de cargos e carreiras. Palavras de baixo calão, com o intuito de desmoralizar e incitar negativamente os nossos representantes. A ameaça de usar a mídia para fazer a população se voltar contra a categoria e outras coisas negativas que já podem imaginar. Resultado, a nossa representação manteve sua posição e defendeu a continuidade da greve. Um exemplo de força e dignidade em meio a tanto desalento. Bravura.

Dia D da Educação: A manhã de hoje começou com a incrível aglomeração de milhares de pessoas na Praça da Imprensa. Professores, estudantes, pais, políticos e representantes de outras categorias dando apoio. Uma energia contagiante envolveu a todos que lá estavam. Mais uma vez senti que estávamos agentes da história, resgatando a educação do estado do Ceará. Educação esta que tem sido usada por todos os lado desta greve, tanto professores quanto governo. Usada, realmente "usada" pelo governo, mas realmente defendida pelos trabalhadores da educação e sua principal clientela, os estudantes das classe C, D e E. Estudantes que merecem uma escola de qualidade, uma proposta pedagógica que os valorize como cidadãos,  e professores qualificados e respeitados para atingirem essa meta.

O governo fala que só queremos saber de dinheiro. A mídia só fala dos "transtornos" da greve, usando de forma maquiavélica o sentimento das pessoas ao expor "situações familiares" em que a mãe chora e a filha pede para que as aulas retornem. Faz tempo que não vejo coisas tão apelativas. Mas e quanto a Educação? Onde ela fica? Onde estão as escolas de qualidade? Vejo muitas caindo aos pedaços. Onde estão as bibliotecas? Os laboratórios de informática? Os laboratórios de ciência? Onde está o professor qualificado? (Cadê o estímulo com tantas "condições favoráveis"?) Mas antes de tudo, Educação é um problema e uma solução social. Social pois o que é uma sociedade sem educação, sem a transformação que vem com a cultura estimulada, criada e desenvolvida pela educação? Onde está o emprego do pai e da mãe de família? Onde está a saúde? (Hospitais precários, falta de profissionais...) Onde está a segurança? (A criminalidade "corre" solta. Guerra de gangues. Tráfico de drogas. Violência doméstica. Sexual. Psicológica. Educação não existe sozinha. Tudo está ligado. (Olha a gota de água que faz falta no oceano, não é Madre Tereza).

Resumo da ópera: As nossas ações foram fantásticas. Mobilizamos milhares de pessoas. Entramos na assembléia Legislativa. Fomos recebidos e mostramos mais uma vez o nosso lado. Pressionamos. Conquistamos. Eu digo "nós", pois foi com a contribuição de cada um que todas as ações da greve obtiveram e obterão sucesso. Deixe-me explicar melhor: No final da manhã, o governo entrou em contato com a direção do sindicato APEOC para que ainda hoje houvesse um novo "encontro" entre nossos representantes e os do governo.  O que podemos esperar desse encontro? Provavelmente a mesma coisa do último. Mas meu otimismo vem do fato de que em menos de 24 horas o governo marcou novo encontro. A pressão vem funcionando? Com certeza!

Devemos nos organizar e nos fortalecer. Convidem. Convoquem. Divulguem. Participem cada vez mais. Cada dia de ações valerá por dez. Amanhã, participem das zonais. Na segunda, assembléia geral no ginásio Aécio de Borba as 15h. Na terça, grande ato público da Zonal da 3ª Região. Caminha em defesa da educação pública de qualidade e da valorização dos professores. Concentração as 15h na Praça do Henrique Jorge, em frente a EEFM Mariano Martins. (Chamem os amigos e colegas de outras zonais. O ato é nosso!)

Lembrem-se: A escola é PÚBLICA e não PRIVADA!

Mais uma vez obrigado pela consideração e pela paciência.

Cordialmente,

Prof. Joaquim Veridiano

Apenas um pai, um filho, não um espírito santo, mas um trabalhador em defesa da nossa dignidade e da nossa valorização.