Na tarde do dia 30 de agosto de 2011, última terça-feira, a zonal da 3ª região teve seu primeiro grande ato público. Não o primeiro ato, pois nossa zonal, seguindo o exemplo das demais, tem sido muito ativa e efetiva em suas ações. Desde panfletagem em alguns dos terminais mais movimentados de nossa cidade, do trabalho boca-a-boca, do uso do carro-de-som cedido pelo nosso sindicato APEOC, visitas de convocação e apoio a várias escolas regulares, profissionais e militares de nossa região ou não. Panfletagem e boca-a-boca na igreja do Henrique Jorge. Atividades, ora tímidas , ora majestosas. Todas triunfantes. Mas o momento maior, o até então ápice ainda não havia chegado. Não, até a tarde da terça-feira passada, quando na Praça do Henrique Jorge contávamos com pouco mais de uma centena de pessoas. Pais, alunos, professores e simpatizantes, pessoas como você e eu. Cidadãos em defesa dos direitos mais básico e fundamentais. Diginidade, respeito e igualdade entre seus pares.
Gostaria de agradecer e parabenizar cada um daqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a passeata entre os bairros do Henrique Jorge e João XXIII. A passeata, na verdade uma caminhada, tinha o intuito de mobilizar a comunidade da 3ª região de Fortaleza. Segundo alguns professores e moradores, a primeira grande manifestação em defesa da educação que a comunidade presenciou e participou. S´po por isso, já um grande marco. Conseguimos e caminhando por entre as ruas dos 3ª região, falamos com a população, a nossa comunidade escolar. Distribuímos panfletos com a Carta Aberta do sindicato APEOC, com as tabelas vencimentais. Falamos com pais, com filhos, com trabalhadores e trabalhadoras. Pessoas como cada um de nós. Pessoas que de forma simples, demonstraram seus apoio e seu apreço. Ao término do nosso grande ato, tivemos a oportunidade de mandar nossa mensagem, para mais e mais pessoas, através da Rádio Comunitária do João XXIII, a qual somos muito gratos pela cordialidade e solidariedade. Assim como agradecemos ao sindicato APEOC, por todo o apoio dado, a Crítica Radical e aos grupos estudantis que colaboraram de forma fantástica e marcaram a sua presença. Estavamos todos lá, lado a lado, quase como um só. Apesar das diferenças e diversidades, políticas, ideológicas, pessoais, todos estavam firmes e fortes na defesa de nosso objetivo. Alcançar a comunidade. Dar voz aos justos e a justa causa.
Vendo tudo aquilo. Participando de tudo aquilo. Fiquei pensando com meus botões. Temos a quinta (5ª) pior remuneração do país? Para cada aluno da rede estadual de ensino tem em média R$ 0,30 (trinta centavos) diários destinados para sua alimentação, a merenda escolar? Única refeição que a escola serve? E o desembargador do TJCE que decretou a ilegalidade da greve diz: "Igualmente põe em risco a própria saúde e sobrevivência dos estudantes, que, como se sabe, dependem das refeições escolares para suas nutrições". Acredito que ele deveria se fazer essas perguntas, antes de fazer declarações estapafúrdias quanto a "sobrevivência" dos estudantes do ensino público estadual. Não resta muito a ser dito, mas uma resposta seria: Abram as portas das escolas. Distribuam a merenda escolar.
Os professores distribuem o alimento para a alma, não para o corpo. Não será pela ausência das aulas, por culpa exclusiva da do poder executivo estadual, que nossos alunos sofrerão de carência nutricional. Carência esta que R$ 0,30 (trinta centavos) diários, segundo o governo, são necessários para aplacar a fome de uma criança. Tenho certeza que nenhum núcleo gestor irá fechar as portas de suas escolas para seus alunos. Palavras são só palavras, até que alguém tenha coragem em torná-las ações. E cada dia que passa professores em todo o país tornam suas palavras em verdadeiros atos de coragem e determinação. A causa é justa. Vale à pena defendê-la. Unidos somos mais fortes. E unidos ficaremos.
"Vem, vamos embora. Esperar não é fazer. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer."
P.S.: Vejam o link do Diário de Greve do Prof. Jarir
http://diariodegreve2011.blogspot.com/2011/08/jurisprudencia-da-fome-ou-miseria-do.html
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